Você acredita que de fato quando você se apaixona por alguém e decide ficar com ela para resto de sua vida isto ocorre por questões bem objetivas tais como a beleza, os olhos, a estatura ou o porte físico, ou ainda, a gentileza ou outros atributos que você considera valiosos? Pois bem, sinto informar que as escolhas de nossas parcerias afetivas não são totalmente mero acaso!
Boa parte dos motivos que promovem as escolhas de uma parceria são influenciados por dinamismos inconscientes, sobretudo daquilo que nós projetamos sobre o outro. Nossas atrações por outras pessoas e a manutenção destes relacionamentos são pautados tanto pelos nossos “aspectos saudáveis” quanto pelos nossos aspectos vamos dizer “menos saudáveis” de personalidade e de funcionamento. Muitas vezes, isso se traduz em uma fala do cotidiano que ouvimos muito de nossas amigas como “ahhhh…eu tenho o dedo podre!” Será mesmo que é só isso? Então aprenda um pouquinho aqui para você começar a pensar em seus próximos relacionamentos!
Um dos fenômenos interessantes a serem observados nestas escolhas amorosas diz respeito a transgeracionalidade. Em outras palavras, são os padrões relacionais que se repetem dentro do sistema familiar sendo transmitidos de gerações em gerações. Neste contexto, os indivíduos carregam consigo e transpõem para os relacionamentos que estabelecem uma bagagem emocional, constituída nos relacionamentos anteriores, que pode ser composta por cargas positivas e negativas, com expectativas ou exigências de que os novos relacionamentos venham a compensar ou sanar mágoas anteriores de experiências prévias.
É comum vermos, por exemplo, que o pai de determinada pessoa era dependente de álcool e esta pessoa se casa com um dependente de álcool. Ela repete um padrão que pode estar relacionado com a busca da realização de um desejo inconsciente de salvar seu marido, algo que não conseguiu com seu pai. Alguns poucos estudos mostram que as filhas de pais alcoólicos apresentam maior probabilidade de casarem com um companheiro com problemas de álcool quando comparadas com outras mulheres cujos pais não eram dependentes de álcool. Muitas destas mulheres foram vítimas do desamor, ou seja, elas não foram cuidadas adequadamente quando criança, uma vez que logo cedo muitas delas, tiveram que assumir o papel de cuidadora dos outros irmãos para manter o sistema familiar funcionando. Crescer numa família onde um dos membros tem dependência de álcool está associado a diversos prejuízos sociais e psicológicos. Isto tem um impacto importante em filhos e filhas de alcoolistas.
O álcool tem impacto negativo na vida sexual dos casais. Nestas uniões prevalece uma menor frequência de episódios de interação sexual, com experiências sexuais menos satisfatórias. Maior tendência para o aparecimento de disfunções sexuais como a disfunção erétil, ejaculação precoce, desejo sexual diminuído por parte das esposas o que tendencialmente agrava o conflito marital e compromete o relacionamento mais íntimo do casal. Ele bebendo não sobra tempo para ela olhar para si. Já ele não estando em recuperação, ela tem a “situação perfeita” para seguir se queixando que não faz suas coisas porque tem que ficar atrás dele o tempo! Percebam que este funcionamento familiar de casais cujo um dos membros tem dependência de álcool é bifásico, oscilando entre períodos de “bebedeira” e abstinência. Por tudo isso, é impossível falar de conjugalidade sem falar de amor. Este é um ingrediente indispensável no estabelecimento de fronteiras. Então, estabelecer fronteiras é um exercício de amor. De amor por si mesma!